Lendo [isso já faz uns dois anos atrás] o best-sellers da literatura pop, O Código Da Vinte, de Dan Brown – cheio de clichês, mas também de elementos que podem empolgar um leitor como eu –, me chamou a atenção uma palavra da língua francesa, e o que é dito sobre tal palavra. A palavra é “gauche” (dizem que se lê “gôshi”). Já a havia visto em vários outros escritos, como num famoso poema de Drummond. Mas foi a primeira vez que relacionei-a com a palavra “gaúcho” [na ilustração, uma imagem de um gaucho argentino], da nossa da língua portuguesa. A similaridade é grande. O que me fez percebê-la não foi a “aparência” (letras e possíveis pronúncias) – isso eu só notei depois –, e sim o desenvolvimento do significado destas palavras ao longo da história na França e, também, no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul.
“Gauche” no Francês, pelo que apurei, designa o lado esquerdo, como “mão esquerda”. Conforme o livro de Brown, a esquerda é relacionado ao feminino, e o direito ao masculino. Houve um processo de “satanização do feminino”, onde acabou incluído tudo o que se relacionava à esquerda, ao lado esquerdo. Assim, “gauche” ganhou os significados de “o errado”, “o torto”, “o maléfico”, “o negativo”, enfim, uma dimensão marginal a ser temida, execrada, contida ou, até, eliminada. Como aconteceu, através da Igreja Católica na Idade Média, com a "Caça às Bruxas", ou seja, a perseguição e morte de todas as mulheres que de alguma forma se sobressaíam (ou apenas saim de um determinado padrão) numa sociedade que deveria ser completamente comandada pelos homens, quer dizer, “pelo lado direito" - e não “pelo lado errado”, pelos “canhotos”...
No Rio Grande do Sul e regiões de países fronteiriços ao estado, caso da Argentina e Uruguai, “gaúcho” (originalmente “gaucho”, lido como “gáucho”), era o bandoleiro do pampa, o bugre ou mestiço de indígena, espanhol, português, negro; sobretudo o desterrado, sem lugar fixo de moradia, que afrontava a ordem estabelecida (o establschment), não respeitando limites arbitrados, caso da lei, das demarcações de terras, das “propriedades”; o gaúcho era o marginal – o mesmo sentido que tem a palavra “esquerdo” em Francês, e que se relacionava às mulheres, seres a serem contidos, pois ameaçadores da “ordem” (masculina!).
Há algo de paradoxal na relação: “gaúcho” é o Homem (com “h” maiúsculo!), o machão/machista; já “gauche”, como está na obra de Brown, tem a ver com o feminino, a feminilidade, com as mulheres e sua “força demoníaca”. O que os unem – os termos “gauche” e “gaúcho”, como era entendida décadas atrás –, entretanto, é a conotação pejorativa, de "elemento fora da ordem", de incorreto, de pusilânime, de temerário etc. No caso do termo “gaúcho”, houve uma reabilitação (relativamente) recente, tornado-se – outro paradoxo! – um designativo quase sempre distintivo positivamente. De bandido, o “gaúcho” tornou-se o “herói dos pampas”! Já as mulheres, continuam sendo objetos (e abjetas!), seres subalternizados.
Bem, com tudo isso, pergunto: Será que “gaúcho” não pode ter se originado na palavra francesa “gauche”? Acho que há grandes possibilidades. Falta investigar.
*Há dias estou lendo trechos do Prosa dos Pagos, de Augusto Mayer, onde um dos ensaio é "Gaúcho, História de uma Palavra". Também tenho aqui comigo um livro que mal iniciei, que se cjhama El Gaucho, de Emilio Coni, editado na Argentina. Ambos tive acesso depois de ter escrito esse comentário. Mas venho lendo há tempos (desde a facul na Ufrgs, pelo menos) diversos artigos que "problamtizam" a "gauchidade", como os ecritos de Tau Golim e da Sandra Pesavento, que foi minha professora. Aliás, tal interesse me levou a "problematizar" a germanidade santa-cruzense, que funciona de forma semelhante.
“Gauche” no Francês, pelo que apurei, designa o lado esquerdo, como “mão esquerda”. Conforme o livro de Brown, a esquerda é relacionado ao feminino, e o direito ao masculino. Houve um processo de “satanização do feminino”, onde acabou incluído tudo o que se relacionava à esquerda, ao lado esquerdo. Assim, “gauche” ganhou os significados de “o errado”, “o torto”, “o maléfico”, “o negativo”, enfim, uma dimensão marginal a ser temida, execrada, contida ou, até, eliminada. Como aconteceu, através da Igreja Católica na Idade Média, com a "Caça às Bruxas", ou seja, a perseguição e morte de todas as mulheres que de alguma forma se sobressaíam (ou apenas saim de um determinado padrão) numa sociedade que deveria ser completamente comandada pelos homens, quer dizer, “pelo lado direito" - e não “pelo lado errado”, pelos “canhotos”...
No Rio Grande do Sul e regiões de países fronteiriços ao estado, caso da Argentina e Uruguai, “gaúcho” (originalmente “gaucho”, lido como “gáucho”), era o bandoleiro do pampa, o bugre ou mestiço de indígena, espanhol, português, negro; sobretudo o desterrado, sem lugar fixo de moradia, que afrontava a ordem estabelecida (o establschment), não respeitando limites arbitrados, caso da lei, das demarcações de terras, das “propriedades”; o gaúcho era o marginal – o mesmo sentido que tem a palavra “esquerdo” em Francês, e que se relacionava às mulheres, seres a serem contidos, pois ameaçadores da “ordem” (masculina!).
Há algo de paradoxal na relação: “gaúcho” é o Homem (com “h” maiúsculo!), o machão/machista; já “gauche”, como está na obra de Brown, tem a ver com o feminino, a feminilidade, com as mulheres e sua “força demoníaca”. O que os unem – os termos “gauche” e “gaúcho”, como era entendida décadas atrás –, entretanto, é a conotação pejorativa, de "elemento fora da ordem", de incorreto, de pusilânime, de temerário etc. No caso do termo “gaúcho”, houve uma reabilitação (relativamente) recente, tornado-se – outro paradoxo! – um designativo quase sempre distintivo positivamente. De bandido, o “gaúcho” tornou-se o “herói dos pampas”! Já as mulheres, continuam sendo objetos (e abjetas!), seres subalternizados.
Bem, com tudo isso, pergunto: Será que “gaúcho” não pode ter se originado na palavra francesa “gauche”? Acho que há grandes possibilidades. Falta investigar.
*Há dias estou lendo trechos do Prosa dos Pagos, de Augusto Mayer, onde um dos ensaio é "Gaúcho, História de uma Palavra". Também tenho aqui comigo um livro que mal iniciei, que se cjhama El Gaucho, de Emilio Coni, editado na Argentina. Ambos tive acesso depois de ter escrito esse comentário. Mas venho lendo há tempos (desde a facul na Ufrgs, pelo menos) diversos artigos que "problamtizam" a "gauchidade", como os ecritos de Tau Golim e da Sandra Pesavento, que foi minha professora. Aliás, tal interesse me levou a "problematizar" a germanidade santa-cruzense, que funciona de forma semelhante.
*Meyer, no primeiro capítulo - Gaúcho, História de uma Plavra - do seu mencionado livro, Prosa dos Pagos (Editora Presença, 1979, p. 42), faz um importante alerta ao encerrar seu ensaio: "O estudo semântico da palavra gaúcho vem mostrar como é difícil manter, na historiografia rio-grandense, os velhos preconceitos de uma homogenidade cultural - cultural no sentido sociológico - que nunca existiu. Qualquer tentativa de interpretação de nosso história deverá levar em conta, como fator básico, o critério de aculturação. Aceitar passivamente o prejuízo da homogeneidade social ou política de um grupo rio-grandense, dentro de outro bloco luso-brasileiro, caracterizado e definido por simples idealização do autor, e conforme as suas preferências, é proseguir no cultivo de uma história em que tudo parece acontecer por obra e graça da Divina Providência Gaúcha, que desde começo decretou as cousas na mesma ordem rígida."
*Dan Brown e Baden-Powell
Uma “pista” ou relação que achei também muito curiosa, interessante, no livro do Brawn: O que têm a ver Leonardo Da Vinte, Baden-Powell e Dan Brow? Ou o Priorado de Sião e o Escotismo? E a Mona Lisa e o símbolo mundial dos escoteiros?
Daria pra fazer outras várias relações parecidas, como o pré-nome do protagonista do livro de Brown – O Código Da Vinte – e do fundador do escotismo, ambos Robert...
O que me desencadeou estes raciocínios foi a descrição do logotipo do Priorado de Sião, incrustado em um misteriosa, valiosa e grande chave, que inclui uma FLOR-DE-LIS. Suponho que seja a mesma - ou semelhante, ao menos - a que está no logotipo oficial do Movimento Escotista.
Outra curiosidade trazida por Brown a ver com a flor-de-lis: Além de várias outras possíveis relações/alusões de se fazer com ou do quadro Mona Lisa, de Leonardo Da Vinte, há um anagrama. Veja: “A flor-de-lis... A flor de Lisa.. A Mona Lisa”. Está lá na página 124 da tradução brasileira de O Código.
Entrei na criptologia! A profissão da encantadora personagem, que faz o par romântico com o "nosso herói", Robert Langdon, prototagonista do "thriller" literário que estourou no mundo (e virou filme, que nem fez tanto sucesso).
*Dan Brown e Baden-Powell
Uma “pista” ou relação que achei também muito curiosa, interessante, no livro do Brawn: O que têm a ver Leonardo Da Vinte, Baden-Powell e Dan Brow? Ou o Priorado de Sião e o Escotismo? E a Mona Lisa e o símbolo mundial dos escoteiros?
Daria pra fazer outras várias relações parecidas, como o pré-nome do protagonista do livro de Brown – O Código Da Vinte – e do fundador do escotismo, ambos Robert...
O que me desencadeou estes raciocínios foi a descrição do logotipo do Priorado de Sião, incrustado em um misteriosa, valiosa e grande chave, que inclui uma FLOR-DE-LIS. Suponho que seja a mesma - ou semelhante, ao menos - a que está no logotipo oficial do Movimento Escotista.
Outra curiosidade trazida por Brown a ver com a flor-de-lis: Além de várias outras possíveis relações/alusões de se fazer com ou do quadro Mona Lisa, de Leonardo Da Vinte, há um anagrama. Veja: “A flor-de-lis... A flor de Lisa.. A Mona Lisa”. Está lá na página 124 da tradução brasileira de O Código.
Entrei na criptologia! A profissão da encantadora personagem, que faz o par romântico com o "nosso herói", Robert Langdon, prototagonista do "thriller" literário que estourou no mundo (e virou filme, que nem fez tanto sucesso).