22 de dez. de 2011

Depois da festa...

Repasso o link (ou um dos links, pois há varios na internet) para um filme publicitário produzido pela TAC, Transport Accident Comission, da Austrália (http://www.tac.vic.gov.au). É muito bem feito e “dando a real” da combinação trágica da ingestão de álcool e outras drogas psicoativas e a direção de automóveis – e motos, caminhões, ônibus, bicicletas, patinetes...


Muita gente sofre. Até inocentes completos morrem ou se traumatizam terrivelmente – física e psicologicamente – por conta da imprudência e falta de ações mais concretas “desincentivando” o consumo de bebidas alcoólicas. Por isso, apoio a criminalização da embriaguez no volante, sem esquecer de investir pesado em campanhas contra o consumo irresponsável (beber e dirigir, por exemplo, e que vá bem além do hipócrita e ineficaz “Se beber não dirija”).

Mas não basta isso, claro. Álcool, a bebida alcoólica de qualquer tipo e teor, é um droga por demais perigosa para se continuar fazendo publicidade aberta e vendendo-se em prateleiras de qualquer supermercado – como se fosse algo como farinha de trigo, suco de laranja, leite, feijão, margarina. Assim, as empresas de bebidas, os comércios que a vendem (postos de gasolina jamais deveriam vender), as pessoas que se pre$tam a fazer propaganda etc. devem ser responsabilizadas pelos efeitos negativos, pessoais e coletivos, diretos e indiretos, derivados do estímulo à bebida.


Aliás, para mim, são vergonhosos casos como do atual técnico da seleção brasileira de futebol (esporte e álcool?) e a musa do pop baiano (diversão e álcool?), atingindo todas as pessoas, inclusive crianças, reforçando associações positivas do consumo da cerveja. Aos dois, o meu desprezo por este desserviço, por essa atitude inconsequente em nome do vil metal. A eles, ofereço o vídeo abaixo como um outro pagamento.

http://www.youtube.com/watch_popup?v=Z2mf8DtWWd8&vq=medium


*Conforme pude entender das informações do site, o TAC é uma organização governamental criada em 1986 no estado de Vitória, Austrália. Seu papel é pagar o tratamento e os benefícios para as pessoas feridas em acidentes de transporte. Ela também está envolvida na promoção da segurança rodoviária e na melhoria do sistema de atendimento a acidentados.


**Filme impactante, mesmo! Emociona e revolta. Meu comentário (acima) veio desse absurdo em se tratar o álcool “festivamente” ou com um problema secundário. Ao mesmo tempo, há uma enorme preocupação, quase paranoica, com o crack – sendo a bebida alcoólica empunhada como se fosse suco de groselha nos desfiles da Oktoberfest em pleno domingo de manhã na rua principal, para o aplauso de milhares de crianças encantadas. Não dá vontade de mandar esses caras a... para bem longe! Não que eu seja moralista em relação ao álcool – acho que é um baita refrigério mental para uso eventual por adultos saudáveis e não propensos à compulsão. Mas se deveria evitar toda a propaganda de bebidas – além da TV, jornais, revistas, pontos de venda (até choperias não deveriam ter alusões ao consumo em suas fachadas) –, também esse tipo de merchandising em desfile de Oktober e em monumentos, caso do Fritz e da Frida no Acesso Grasel (aqui em Santa Cruz), deveria ser abolido. Parece radical, mas querem uma juventude menos drogada? Então vamos cortar na própria carne, rapaz!

Sessão Exclusão


Pessoal,

Estou compartilhando com algumas pessoas o meu questionamento quando a uma postura na divulgação da sessão do Amigos do Cinema que vai ocorrer hoje, 19/12. Recebi o convite e fiquei indignado com o que está dito. No final do texto escreveram assim:

Será uma forma singela [a sessão de cinema em Linha Santa Cruz, com o filme A Ferro e Fogo, a partir da obra homônima de Josué Gimarães, autor que aparece na foto acima] de lembrar a data da chegada das seis primeiras famílias de imigrantes alemães em 19 de dezembro de 1849, provenientes da Silésia e do Reno, na “Alte Pikade” (Picada Velha) como se denominava Linha Santa Cruz na época, iniciando-se assim a sua história e também de Santa Cruz do Sul e região.

Como assim “iniciando-se assim a sua história [dos ‘alemães’ na região] e também de Santa Cruz do Sul e região”??? Ou seja, estão dizendo que os “alemães” começaram TUDO por aqui, até mesmo a história da região? Na minha visão, trata-se da continuidade de uma mentira, de uma manipulação ideológica, uma ignorância sobre a historiografia local e regional – tudo isso misturado.

Não gostei. Até pode ser legal relembrar os antepassados e homenagear seus esforços, mas não precisavam insistir neste conto moral apologético à beira do racismo. Todos os outros grupos e personalidades “não-alemãs” são subalternizados, invisibilizados nessa “nossa história”. Meus vizinhos negros do bairro Linha Santa Cruz, as muitas famílias mestiças, os sem-descendência “germânica”, toda essa gente mais uma vez vai ser “catequisada”; ficarão “sabendo” que são párias e só chegaram depois de toda a maravilha estar pronta pelo esforço dos “donos da história”. Enfim, tudo aquilo que lutamos para relativizar, incluindo o que de fato é: há muito mais diversidade e vários outros grupos étnicos na construção da sociedade santa-cruzense.

Acho que o Amigos do Cinema estão envolvidos num tipo de comemoração que não faz jus a amplitude do cinema e as possibilidades de reflexão e criticidade que muitos filmes podem nos suscitar.

Abaixo, segue o “retorno” que enviei ao pessoal que me enviou o convite, além do texto completo do convite mencionado.

Até mais!

Iuri


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Muito boa iniciativa de fazer a sessão do Amigos do Cinema em Linha Santa Cruz. Bem como relembrar a trajetória dos imigrantes germânicos no RS e em Santa Cruz. Mas tenho que discordar de algumas alusões, em especial o que está dito na frase final do convite, ou seja, que a “chegada” (a palavra deveria ser “introdução”, por trata-se de um projeto de colonização do governo provincial) dos imigrantes “alemães” (em termos de designação, trata-se de uma outra imprecisão) teria iniciado “a sua história [dos imigrantes] e também de Santa Cruz do Sul e região”.

Não vou dizer que é uma inverdade, mas está muito próximo disso. Se não é fruto da ignorância, trata-se de uma manipulação ideológica, que subverte a historiografia e produz uma subalternização e invisibilidade a outros grupos e personalidades “não-alemãs” aqui do município e região. Uma enorme injustiça e violência simbólica contra quem também esteve aqui e desenvolveu Santa Cruz – antes da chegada de qualquer europeu do norte.

Para quem se dispor a estudar a história local para além das rasas narrativas apologéticas germanófilas, algumas à beira do racismo, saberá que a ocupação da região inicia-se com grupos indígenas, destacando-se os antepassados e os atuais kaingangs e guaranis. Especificamente, temos o Faxinal do João Faria, povoado bem anterior a colonização germânica. É ali que surge a cidade de Santa Cruz e onde são recebidos (após desembarcarem em Rio Pardo), os novos assentados europeus, contando, em suas primeiras levas, com subsídios do governo, incluindo cerca de 72 hectares de terra.

João Faria Rosa era um sesmeiro, cujos trabalhadores escravizados, parentela, agregados e famílias avulsas perfaziam o Faxinal. O neto de João Faria recebeu e acantonou no sobrado familiar os primeiros sem-terra germânicos, conforme registra Bittencourt de Menezes na publicação de 1914, “Município de Santa Cruz”. As primeiras vias e loteamentos rurais foram feitos com recursos públicos e realizados por técnicos e capatazes lusos e trabalhadores negros escravizados, entre outros trabalhadores humildes. Holandeses, belgas, russos, austríacos e até cearenses, entre outros grupos – além da miríade de pessoas de regiões que só mais tarde vieram a se tornar o país Alemanha e vizinhanças –, foram assentados ao longo dos anos. Quilombolas e indígenas continuaram existindo, buscando sobreviver a ocupação branca, conforme registro de historiadores como Jorge Cunha.

Por anos estamos lutando para que não se “patrole” e se perverta a historiografia em nome de orgulhos étnicos que, de tão “orgulhosos”, “esquecem” e subestimam todos os outros grupos e pessoas sem determinados sobrenomes e fenótipos. Acho que a associação de moradores, a escola e o Amigos do Cinema prestam um desserviço nesse sentido da integração e comunhão comunitárias, porque estão insistindo em homenagens sem lastro histórico verídico e completo, eivadas de ideologia e sentimentalismo étnico-racial. Há uma vasta e interessantíssima história das comunidade teuto-brasileiras que dá lugar a mixórdias artificiais, como já denunciou Flávio Koth, santa-cruzense professor da UnB, entre outros estudiosos sérios.

É o que eu penso. Abraço do

Iuri.


***Interessante que ninguém do Amigos do Cinema (nem quem me enviou o e-mail) se manifestou. Talvez ignoraram ou ficaram envergonhados... O pior é ignorarem. Acho que alguns simplesmente ignoram, porque têm uma posição sectária sobre o assunto e não admitem questionamentos, porque isso “abala as estruturas” – inclusive de suas personalidades, calcadas numa construção indenitária onde os “meus antepassados são os melhores mais importantes”.

***Muito obrigado pela atenção. Muito bom que houve uma reação ao meu comentário. O pior é o silêncio.

Copiei e "editei" o texto a fim de destacar o ponto onde (perdão) "a maionese desanda", na minha opinião. Não se tratava de nenhuma crítica ao filme em si, adaptação do livro do Josué, que li há anos e gostei muitíssimo - como várias outras "sagas gaúchas", caso de O Tempo e o Vento e, de alguma forma, o Videiras de Cristal, Quem faz Gemer a Terra, A Valsa da Medusa e Pequena História da Amor, os dois últimos escritos por santa-cruzenses, a Valesca de Assis e Wilson Müller , respectivamente, tratando diretamente dos teuto-descendentes aqui de Santa Cruz (fazem isso com enorme sensibilidade e fidedignidade histórica). Critique o Amigos do Cinema pontualmente, por estar "assinando" um convite que me indignou pela perspectiva histórica e social - uma luta que travamos coletivamente a mais de década.

Deixei bem claro que acho bacana e justo que se homenageie os antepassados e, obviamente, os teuto-descendentes aqui em Santa Cruz e região. Absolutamente nada contra o Amigos de Cinema fazer isso. Minha discordância, como disse, é pontual e se refere ao reforço, através de um convite, a um tipo de comemoração baseada em uma perspectiva germanófila, que afirma que os alemães iniciaram a história de Santa Cruz e região.

Quanto a "adjetivação raivosa" (gostei disso!) é completamente espontânea e a uso comumente nesses momento de indignação; tenho dificuldade em tolerar a repetição de uma abordagem germanófila - equivocada e geradora de exclusão. Tento minimante fundamentar isso, fazendo algumas alusões historiográficas e até citando obras e autores. Uma pena que possa soar pedante.

Talvez pudesse ser mais diplomático. E aceito de bom grado a dica e todas as suas ponderações no e-mail. Louvo a existência/persistência do Amigos do Cinema. Mas foi uma pisada na bola feia! Que bacana que houve esse reconhecimento. Agora é tocar para frente!


***Valeu! Como sempre, tuas mensagens são instigantes, inteligentes e humoradas - com aquela ironia temperando o papo.

Acho que a reação minha e de outros valeram para demonstrar que o debate sobre a etnicidade local está vivo e não se vai deixar passar afirmações absurdas todas as vezes. Acho incrível como há gente zelosa de uma descendência basicamente ficcional. Será tudo para se achar especial por conta de uns parentes maltrapilhos chutados por uma suposta pátria hoje tão amada??

***Como disse, uma lástima que meu comentário soe arrogante. Suponho que seja pelo tom professoral, impositivo. Faço citações e cobro conhecimento, embasamento. Talvez tenha que corrigir essa abordagem. Mas não deixo de pensar que, enquanto isso... muitos “ofendidos” não têm prurido algum em reproduzir militantemente uma versão do passado (ia quase dizendo uma farsa) apoiada (mal apoiada) acriticamente numa históra rala e apologética (várias vezes já denunciada), que é a matéria constituinte dos símbolos municipais ufanistas – como o hino local, a bandeira, os monumentos etc. –, e não a partir de dados historiográficos obtidos por pesquisa acadêmica ou ao menos com algum lastro documental consistente. E isso leva à violência simbólica, que poucos parecem se dar conta, tal a naturalização da situação. O fato de uma menina ou menino negros terem de cantar na hora cívica da sua escola um cântico de louvação à “bravura alemã” do “loiro imigrante” (trechos literais da letra do hino municipal germanófilo) não causa nenhum constrangimento àqueles que “cultivam suas raízes” sem considerar todos que viverem e vivem, influenciaram e influenciam concretamente Santa Cruz do Sul. Que tipo de relação se quer forjar com uma pseudohistória e culto cívico municipal com esse teor de exclusivismo étnico-racial?? Que sentimento de pertencimento se quer construir nos “não-alemães”?? Que alemão é esse “loiro imigrante”?? Uma imagem estereotipada e que já é uma aberração diante da miríade de gentes que se assentaram aqui na região a partir de meados do século XIX, vindos de um país que nem existia na época, a Alemanha? Por que se insiste nesse conto de orgulho, de desejo de se engrandecer às custas de uma presunção calcada na adulteração da história local? Quem ganha com isso?? Desculpa dizer, mas quem ganha com isso é a imbecilidade, onde se inclui o racismo. A riqueza da história cotidiana das comunidades de/com teuto-descendentes (que alguns ainda hoje colocam fora da categoria “brasileiros”, justamente porque se têm como “especiais”), com suas culturas multihíbridas já desde a Europa, é terraplenada por uma germanofilia de quinta categoria, que iniciou-se há tempos e teve seus surtos nas intencionalidades políticas de momentos – sejam estrangeiras (o pangermanismo, por ex.) ou locais, para (por ex.) justificar a adoção de candidatos com determinados perfis, rejeitando-se outros. Se alguém quer continuar tolerando isso e tendo cuidados “para não ofender” (mesmo que uma outra ofensa está sempre sendo perpetrada), tudo bem! Da minha parte, não consigo mais ouvir sem ficar indignado – ainda mais quando é proferida e reproduzida por pessoas com excelente acesso a múltiplas informações.

21 de dez. de 2011

Sobre a morte de um yorkshire


Sou o primeiro a achar que os animais são tratados com crueldade. Eu mesmo, muitas vezes, maltrato o gato que convive com a gente lá em casa, o Maléulo. Deveria ser mais tolerante com os seus hábitos e personalidade. Obviamente, estou longe de torturá-lo.

Quanto a esse abaixo-assinado que está sendo distribuído, pedindo a penalização da assassina de um cão yorkshire em Goiás, fico incomodado pelo seguinte: a super-indignada pessoa assina a petição e à noite vai com a família num rodízio de carnes na churrascaria... Baita hipocrisia! Que sentimento seletivo é esse? Por que alguns animais merecem compaixão, mas outros são mortos massivamente, muitas vezes com tremenda dor e horas e mais horas de estresse e tortura psicológica no “corredor da morte” dos matadouros “humanizados”... Não dá para fingir que isso não acontece, alegar que as pessoas não têm consciência sobre onde estão metidas: comendo pedaços de vísceras de bovinos, suínos, equinos, aves etc. Estão com as mão sujas de sangue, meu!

Certo. Tem diferenças, sim, em “matar para comer” e “torturar por maldade pura”. E acho que há situações onde não há como não comer carne. Somos seres omnívoros; podemos comer de tudo ou ao menos uma vasta lista de produtos. Dizem até que o humano tem um sistema cerebral mais desenvolvido (inclusive mais massa cerebral) que outros símios devido a alimentação múltipla, que incluiu a carne a certa altura do nosso desenvolvimento no planeta.

Os esquimós não sobreviveriam sem comer carne naquele ambiente no extremo polar da Terra “simplesmente” porque não há vegetais suficientes por lá. Mas quando esses nativos das baixíssimas temperaturas matam um animal, aproveitam tudo e comem até o conteúdo dos intestinos do bicho, além de uma atitude reverencial aquele ser sacrificado. Mas quando vamos a um rodízio numa churrascaria, estamos participando de uma comilança (que exigiu uma vasta matança); devoramos uma quantidade de carne supérflua e, costumeiramente, demasiada para o nosso corpo, muito além de nossa necessidade proteica – fora a questão que tal proteína poderia ser obtida de vegetais (feijão, gergelim, nozes, castanha, tofu etc.), de lácteos e ovos (alimentos que não implicam na morte do animal, embora os veganos não aceitariam esse argumento).

Contudo, eu como carne eventualmente. Não quero ficar neurótico com isso – de comer ou não comer carne. Evito muito, quase sempre. O caso é que vivemos numa cultura onde a alimentação carnívora é onipresente e precisaremos de várias gerações para levar a maioria da humanidade a abrir mão desse consumo – ou ao menos reduzir ao indispensável.

*A ilustração acima é divulgação do documentário "Terráqueos" (Erthlings, EUA, 2005), que discute o tema da exploração dos demais animais pelo mamífero humano, onde aparece o termo "especismo", uma espécie de transposição do termo "racismo" para o universo das outras espécies que nós submetemos de diversos modos, incluindo o assassinato em massa. Abaixo, um link para assistir o filme:

http://video.google.com.br/videoplay?docid=-1717800235769991478

Jesus repaginado



A propósito de tantos cartões com imagens de Jesus...

Num velho cocho de um diminuta estrebaria nos arrabaldes da cidade, fugido da polícia de então, com os animais mais humildes a sua volta, fruto de uma gravidez fora do casamento, acomoda-se nas palhas o pequeno Jesus, muito pobre e sem ter mais onde ficar, rejeitado em todas as hospedarias e sem contar com a solidariedade das famílias daquele lugar. Ele não é um bebê branquinho de olhos azuis e traços arianos. É um semita, com todas as características do povo daquela região naquela época. Sua lenda é tão potente e a expansão das igrejas construídas a partir dessa história vão muito além do oriente-médio, atingindo toda a Europa em poucas séculos. O distanciamento do local de origem do personagem e a concentração do poder religioso, político e econômico do cristianismo no centro europeu moldam uma configuração corporal para esse Jesus muito diferente dos traços do homem judeu característico de 2.000 anos atrás; sua imagem ganha contornos de um nórdico e sua beleza tornada padrão mundial: pele alva, olhos e cabelos claros, além de um asseio (incluindo a barba sedosa e aparada) que faz parecer que o rapaz vivia em frescos palácios e andava em carruagens por ruas calçadas – quando, na verdade, vivia numa terra semidesértica e onde hábitos de higiene eram bastante limitados, ainda mais para andarilhos sem recursos e cujos amigos mais chegados eram rudes pescadores.

Compare-se as imagens (acima): um “retrato” bastante comum de Jesus e a reprodução baseada em estudos históricos, antropológicos e biológicos sobre constituição de um típico homens de 30 anos da região de onde o “Filho de Deus” era oriundo. A “transformação”, a “maquiagem” é flagrante; tudo para forjar a referência desse “Deus encarnado” em um homem branco, limpo e “bonito” – que cause simpatia e diga qual o fenótipo da santidade que devemos reverenciar. Imagine-se ter um quadro ou estátua enorme em casa ou nos templos com a cara daquele “Lula”! Não ia “pegar”...

Eu prefiro o Jesus “feio e sujo” a esse “modelito” que o rebelde de Nazaré se configurou para fins de consumo da massa. Mas das tantas adulterações no/do cristianismo – que já nasce com um produto de múltiplas influências –, essa é só mais uma ao longo do tempo. O que há ou o que resta de original nas igrejas baseadas no nazareno?