Li uma reportagem no jornal Zero Hora (04/05/2010) que fala de um
trilheiro, Cláudio Martins, de 61 anos, que percorreu, entre outros vários lugares, o vertiginoso Itaimbezinho, no Parque Aparados da Serra (RS, pra quem não sabe, município de Cambará) - e por 25 vezes, a primeira aos 14 anos, em 1963!
Mas o que eu mais gostei, porque é assim que eu prefiro percorrer qualquer trilha:
"[Martins] Não fica dependurado em paredões, não usa pinos, não interfere em nada. Segue trilhas com um bastão: - Faço montanhismo de pé no chão."
Minhas trilhas, além do meu despojamento de equipamentos - à beira da quase (eu disse "quase") irresponsabilidade - não são muito planejadas, não. Apareceu a oportunidade, arranjo um bastão pelo caminho e "vamos lá!"
Faço trilhas até aqui perto de casa, em pequenas sobras de mato e campo dos arredores. Também gosto de caminhar pela cidade, curtindo os vários recantos que, mesmo passando muitas vezes na correria do dia a dia, a bordo do carro ou do buzun, não se percebe em suas várias sutilezas, detalhes, "peculiaridades poéticas".
Mas voltando ao trilheiro sexagenário: ele está preocupado: "- Estão retirando pedras das margens do Rio do Boi para aterrar uma estrada. Até o curso natural do rio [elmento fundamental do cânion] foi alterado".
Triste ver isso... Com tantas evidências das conseqüências das alterações no ambiente natural, nos ecossistemas, continua-se a apostar (roleta russa?) num "desenvolvimento" imediatista, ditado pelo mesquinho e o medíocre. Em nome de quê, mesmo?