26 de out. de 2011

Gadgets: sendo e consumindo objetos


Achei na Wikipédia um texto sobre os gadgets – termo que se refere a equipamentos eletrônicos e softwares que surgem no mercado e agregam-se a outros como novidades. Não sabia, mas há uma ligação do termo com a psicanálise desenvolvida por Jaques Lacan (na foto acima). Ele se referia aos gadgets como

“objetos de consumo produzidos e ofertados como se fossem 'desejos' pela lógica capitalista - na qual estão agregados o saber científico e as tecnologias em geral. Dentre estes gadgets, diz Lacan, encontram-se os 'sujeitos-mercadorias', aqueles que incorporam de forma um tanto psicótica uma atitude de objetos de consumo breve e que, por isso, investem suas energias em provar-se 'consumíveis' ou 'desejáveis' aos olhos de eventuais parceiros ou do mercado, o grande senhor contemporâneo. Pela perspectiva lacaniana estes sujeitos-mercadoria não são de fato sujeitos, já que consomem 'objetos' e ofertam-se ao consumo por 'objetos', não ao estabelecimento de laços sociais.

Quando li essa definição, fiz uma associação direta ao folder que me enviaram esses dias sobre um “Curso de Sensualidade” para mulheres, que ocorreu dias atrás aqui na cidade. Na foto, uma “jovem-senhora” mostra “sensualmente” suas pernas, sentada em cima de uma mesas de acrílico, com trejeitos no olhar e outras jogadas corporais “insinuantes”. O curso se propõe a isso: dar uma melhor apresentação as e desenvoltura a mulheres, desinibindo-a e ensinado-lhes “truques” – tudo a fim de atrair sexualmente seus parceiros também padronizados, ávidos por uma suculência sexual, como as apresentadas nas clássicas "revistas masculinas"...

Sobre os parceiros fazerem algum curso semelhante... nem se cogita. Cabe a mulher ser “desejada” e “co(nsu)mida”. A cultura da sujeição, da submissão, da “objetização” da mulher. Como diz Lacan (morreu em Paris em 1981), postam-se como objetos de consumo, não mais que gadgets. Triste papelzinho, reforçado todos os dias por milhões de mensagens louvando a adesão a padrões comportamentais acríticos, falsamente libertários, mediocrizantes.

Abaixo, o termo gadget como estava na Wikipédia quando a acessei.


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Gadget (em inglês: geringonça, dispositivo) é um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil no cotidiano. São comumente chamados de gadgets dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, leitores de mp3, entre outros. Em outras palavras, é uma "geringonça" eletrônica.

Na Internet ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou desktop), chama-se widget, mas vezes também chama-se de gadget algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior. No site iGoogle, por exemplo, é possível que seja adicionado alguns dos muitos gadgets disponíveis. O Google Desktop, o Windows Vista (e também o Windows 7), o Mac OS X, o KDE e o Gnome são ambientes que aceitam alguns tipos de gadgets específicos, acrescentando funcionalidades ao desktop do sistema.

Os Gadgets têm função social de status (além da lógica finalidade do aparelho), quando se tratam de equipamentos ostensivos. Na medida a que se referem, em sua maioria, a equipamentos de ponta e por muitas vezes com preços elevados, a gíria Gadget é referência de produto tecnológico para poucos, embora seja usada de forma genérica quando se trata de software.