Ruy Castro, jornalista e escritor, em entrevista publicada em Zero Hora no dia 9 de fevereiro passado (2009) falando sobre o seu livro Carmen: Uma Biografia, tratando da cantora e atriz brasileira Carmen Miranda [ilustração ao lado], diz o seguinte, respondendo sobre a acusação de “americanização” que pesava sobre a “pequena notável” após sua instalação em Hollywood, tornando-se uma beldade de fama internacional:
“O verdadeiro público da Carmen nunca a chamou de ‘americanizada’ nem isso era um pecado na época – em 1940, os EUA eram os heróis do mundo. Quem não gostou de ouvi-la falando ‘Hello, peoples!’ foi a platéia do Cassino da Urca [no Rio de Janeiro] naquela noite em que Carmen tinha aceitado dar um show beneficente a pedido da primeira-dama, dona Darcy Vargas. Essa platéia era formada pelos membros da ditadura Getulio Vargas, totalmente simpática ao nazismo [não excluindo o próprio mandatário do país] naquele tempo: os ministros, os militares, os empresários alemães e seus sócios brasileiros.”
Essa fala de Castro me fez lembrar – e reiteradamente lembro disto – o discurso de auto-vitimização que vulgarmente observamos por parte de uma intelectualidade germanófila na cidade e região. O governo Vargas e a figura deste político gaúcho são satanizadas como “anti-alemães”, “esquecendo-se” que, na verdade, antes de uma tomada de posição – tardia, até – pró-aliados na Segunda Guerra Mundial, o alinhamento com o totalitarismo alemão liderado por Adolf Hitler foi grande e, em conseqüência, houve, sim, apoio a posturas fascistóides, culto ao arianismo e quejandos. A extradição de Olga Benário é um exemplo do colaboracionismo oficial com o governo e a ideologia nazi.
E também se subtrai o contexto de uma guerra onde a Alemanha encarnava o terror, a crueldade e a arrogância sobre forma de ação bélica violentíssima, imperialista, pretendendo “simplesmente” dominar o mundo em nome da suposta superioridade racial do seus cidadãos – que, na época, massivamente respaldava o governo do “fuhrer”.
Claro que se deve reconhecer: no acirramento da antipatia contra uma Alemanha invadindo países, torpedeando navios brasileiros, notícias sobre extermínios em escala industrial etc., houve manifestações e posturas que exacerbaram e foram injustas, despropositais, pura desforra irracional. Mas que devem ser contextualizadas: o clima era de revolta contra os alemães e, assim, contra tudo que se ligasse a nacionalidade e etnia germânica no Brasil naqueles momentos de emoções incontidas, tal os barbarismos anunciados.
“O verdadeiro público da Carmen nunca a chamou de ‘americanizada’ nem isso era um pecado na época – em 1940, os EUA eram os heróis do mundo. Quem não gostou de ouvi-la falando ‘Hello, peoples!’ foi a platéia do Cassino da Urca [no Rio de Janeiro] naquela noite em que Carmen tinha aceitado dar um show beneficente a pedido da primeira-dama, dona Darcy Vargas. Essa platéia era formada pelos membros da ditadura Getulio Vargas, totalmente simpática ao nazismo [não excluindo o próprio mandatário do país] naquele tempo: os ministros, os militares, os empresários alemães e seus sócios brasileiros.”
Essa fala de Castro me fez lembrar – e reiteradamente lembro disto – o discurso de auto-vitimização que vulgarmente observamos por parte de uma intelectualidade germanófila na cidade e região. O governo Vargas e a figura deste político gaúcho são satanizadas como “anti-alemães”, “esquecendo-se” que, na verdade, antes de uma tomada de posição – tardia, até – pró-aliados na Segunda Guerra Mundial, o alinhamento com o totalitarismo alemão liderado por Adolf Hitler foi grande e, em conseqüência, houve, sim, apoio a posturas fascistóides, culto ao arianismo e quejandos. A extradição de Olga Benário é um exemplo do colaboracionismo oficial com o governo e a ideologia nazi.
E também se subtrai o contexto de uma guerra onde a Alemanha encarnava o terror, a crueldade e a arrogância sobre forma de ação bélica violentíssima, imperialista, pretendendo “simplesmente” dominar o mundo em nome da suposta superioridade racial do seus cidadãos – que, na época, massivamente respaldava o governo do “fuhrer”.
Claro que se deve reconhecer: no acirramento da antipatia contra uma Alemanha invadindo países, torpedeando navios brasileiros, notícias sobre extermínios em escala industrial etc., houve manifestações e posturas que exacerbaram e foram injustas, despropositais, pura desforra irracional. Mas que devem ser contextualizadas: o clima era de revolta contra os alemães e, assim, contra tudo que se ligasse a nacionalidade e etnia germânica no Brasil naqueles momentos de emoções incontidas, tal os barbarismos anunciados.