Longe de mim o antissemtismo, essa ideologia perversa, como são todos os racismos, que tantas coisas ruins já geraram para a humanidade até hoje. Mas justamente dentro da religiosidade judaica – vinculada diretamente a uma etnia que sofreu bárbaras perseguições (o holocausto na 2ª Guerra Mundial é o exemplo maior) – existem elementos que me parecem muito absurdos, tal o nível de refinamento do sectarismo contido.
É o caso da alimentação. Também nada tenho contra restrições e tabus alimentares, que todo mundo tem, mesmo sem se dar conta (quem é que come carne de cachorro ou rato por aqui?). Mas dentro da “dietética kosher”, seguida por judeus ortodoxos, vai-se ao paroxismo do “purismo”, podendo engendrar desconfianças e “justificar” preconceitos – está ali claramente definida a “contaminação por gentis”, ou seja: Os não-judeus, de maneira alguma, podem tocar nos alimentos durante o seu manuseio e manufatura.
Estas reflexões me vieram ao ler a coluna sobre gastronomia de Bete Duarte, em Zero Hora, de 1º de maio de 2009. Ali, chamou-me a atenção uma nota sobre o lançamento de um “vinho kosher”, bebida que segue “as mais rígidas regras judaicas”, contando com “supervisão de rabino” e coordenação de um outro religioso, ligado à “BDK Brasil, órgão judaico de fiscalização de alimentos”.
A rigidez das “leis da cashrut” é excludente ao extremo: “O vinho kosher deve ser feito somente por judeus praticantes. Além disso, há a fiscalização durante todo o período até o engarrafamento para que ninguém que não seja judeu praticante toque o vinho”, destaca Duarte, sem que ela pareça perceber o ponto da discriminação radical embutida no processo, tratando mais como se isso fosse “apenas” uma qualidade gastronômica, similar às necessidades para se chegar ao fígado de ganso com o qual se faz o famoso patê foie gras – aliás, um requinte da coleção de crueldades bizarras contra animais não-humanos a serviço de paladares de animais humanos...
O objetivo da alimentação kosher não é necessariamente discriminar. Até onde entendo, quer que os devotos sigam preceitos bíblicos ou do Torá, vivendo santa e saudavelmente. Tudo bem. Mas acho que nesta busca, neste “zelo”, cai-se, inapelável, em discriminações, cisões, apartamentos, distinções e inviabilização de convívios.
Fazendo paralelos e parodiando o título do famoso romance de John Steinbeck – As Vinhas da Ira –, não vejo com bons olhos algo que pode vir a ser “O Vinho da Ira”.
É o caso da alimentação. Também nada tenho contra restrições e tabus alimentares, que todo mundo tem, mesmo sem se dar conta (quem é que come carne de cachorro ou rato por aqui?). Mas dentro da “dietética kosher”, seguida por judeus ortodoxos, vai-se ao paroxismo do “purismo”, podendo engendrar desconfianças e “justificar” preconceitos – está ali claramente definida a “contaminação por gentis”, ou seja: Os não-judeus, de maneira alguma, podem tocar nos alimentos durante o seu manuseio e manufatura.
Estas reflexões me vieram ao ler a coluna sobre gastronomia de Bete Duarte, em Zero Hora, de 1º de maio de 2009. Ali, chamou-me a atenção uma nota sobre o lançamento de um “vinho kosher”, bebida que segue “as mais rígidas regras judaicas”, contando com “supervisão de rabino” e coordenação de um outro religioso, ligado à “BDK Brasil, órgão judaico de fiscalização de alimentos”.
A rigidez das “leis da cashrut” é excludente ao extremo: “O vinho kosher deve ser feito somente por judeus praticantes. Além disso, há a fiscalização durante todo o período até o engarrafamento para que ninguém que não seja judeu praticante toque o vinho”, destaca Duarte, sem que ela pareça perceber o ponto da discriminação radical embutida no processo, tratando mais como se isso fosse “apenas” uma qualidade gastronômica, similar às necessidades para se chegar ao fígado de ganso com o qual se faz o famoso patê foie gras – aliás, um requinte da coleção de crueldades bizarras contra animais não-humanos a serviço de paladares de animais humanos...
O objetivo da alimentação kosher não é necessariamente discriminar. Até onde entendo, quer que os devotos sigam preceitos bíblicos ou do Torá, vivendo santa e saudavelmente. Tudo bem. Mas acho que nesta busca, neste “zelo”, cai-se, inapelável, em discriminações, cisões, apartamentos, distinções e inviabilização de convívios.
Fazendo paralelos e parodiando o título do famoso romance de John Steinbeck – As Vinhas da Ira –, não vejo com bons olhos algo que pode vir a ser “O Vinho da Ira”.
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