Apesar de colorado desde os meus “primórdios”, torci para o Caxias nas partidas decisivas do Gauchão (torci é modo de dizer; na verdade, acompanhei por alto os jogos). Já faz alguns anos, tenho meus critérios bastante “fluídos” para torcer em competições de futebol e outros certames. Por exemplo, na Copa do Mundo passada, meu time foi o Uruguai (esse país que acho tão simpático), e fiquei muito contente que eles chegaram bastante longe na competição – mais longe, aliás, que o “todo poderoso” Brasil... (Eu comentei também que uma empresa gaúcha de calçados, a Pegada, patrocinou, com baixos custos, os sapatos que a desacreditada delegação uruguaia usaria fora de campo; com a projeção da “celeste”, a empresa viu o seu merchandising frutificar como nunca! Enquanto os patrocinadores da seleção brasileira...)
Torcer para o Caxias é decentralizar o futebol da capital e do megaclubes como o Inter e o Grêmio, seu cartolas e demais mercenários. Mesmo que o Caxias não seja um Guarani de Venâncio ou Avenida de Santa Cruz da vida, muito menos alguma coisa como os times amadores do interior do município, onde todos jogam, de fato, por “amor à camiseta”, o time da serra gaúcha é um Davi perto de um Golias. Li no jornal que toda a folha de pagamento de jogadores do Caxias é 1/3 do que ganha o D’Alessandro...
Torcer pelo Inter é torcer pelo time que teria obrigação de ganhar, tal a superioridade dos milhões investidos – o futebol como um negócio, e negócio escuso muitas vezes, emocionando torcedores fiéis (e a palavra aqui é boa, porque também se refere a igrejas e a facções religiosas fundamentalistas) e enchendo o bolso de boçais. O Caxias ganhando, projetaria vários talentos interioranos e marginais do futebol, quebrando, também, ao menos um pouco, esse revezamento “Inter-Grêmio”, que acaba dificultando sugando o surgimento de outros times de importância (até pela compra de jogadores, que, mal se destacam, já são levados pelos dois adiposos clubes da capital).
Pode ser meio imbecil esses raciocínios, mas também é um jeito de não se angustiar (como acontecia comigo na pré-adolescência) com alguma coisa que não passa de uma simulação de guerra tribal; como somos – ainda que de modo atrofiado –, caçadores-coletores, temos necessidade de rituais e uma boa pancadaria de vez em quando... (Me parece fundamental saber diferenciar o que é um meio lúdico de dissipação e o que são questões vitais da vida do indivíduo e da sociedade... O futebol não precisa ser o cachimbo de crack que sempre voltamos a acender viciosamente. Futebol é, em essência, uma brincadeira para qualquer idade.)
24 de mai. de 2012
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