25 de out. de 2013
Mapas de uma viagem fascinante feita por um homem extraordinário da Era Vitoriana
Algo que achei muito bacana, com um certo layout “retrô”, é o site “AboutDarwin.com”, com TODOS os mapas da viagem do naturalista Charles Darwin a bordo do navio Beagle, custeado pelo império britânico para analisar a costa da Patagônia nos anos 30 do século XIX, mas que acabou sendo, como vocês sabem, uma viagem de pesquisa fundamental para o desenvolvimento da teoria evolucionista, hoje hegemônica – embora criacionistas insistam em seus dogmas de impossível comprovação, baseando-se em escritos da Idade do Bronze, interpretados de forma literal e não como histórias lendárias e apologéticas.
Aí está:
http://www.aboutdarwin.com/voyage/voyage01.html
Todo o site é interessantíssimo*. Fiquei imaginando eu, um piá, com uma coisas dessas para ficar “brincando”. Santo Cristo! Como teria gostado! Assim como gostei da enciclopédia que o meu pai comprava por fascículo, “O Mundo em que Vivemos” – pensando hoje, uma das coisas mais importante para mim e meus irmãos abandonarem explicações mais místico-religiosas (afeitas a minha mãe devota), para se enfronhar na busca de conhecimentos menos dogmáticos e mais práticos.
Os “britanófilos”, como o Rafa “Bala” Amorim e Alexandre Fox poderão se deliciar com fotos interessantíssimas de locais que fazem referência a vida, aos estudos e homenagens a Darwin em Londres, Downe, Cambrige, Shrewsbury etc.
http://www.aboutdarwin.com/pictures/pictures_01.html
Há, como sempre digo, muita fascinação na abordagem científica. Entretanto, também há um apelo para buscarmos avidamente o “sobrenatural”, carentes que somos, enquanto espécie humana, pela atávica sensação de solidão cósmica e fragilidade existencial. Como mariposas, frequentemente nos chocamos contra a luz sedutora, às vezes matando para sempre esta nesga cognitiva que resiste ao entorpecimento aquecido pela promessas de companhia e proteção transcendentais. A biografia dolorida de Darwin adulto demonstra muito bem o que é uma lenta saída do útero mágico para o frio polar da “vida como ela é”. Graças que o caminho já foi feito e podemos dispensar o drama de matar deus em nossos corações.
*Os materiais e referências usados no “AboutDarwin.com” envolvem instituições como a Royal Society (Londres) e a Cambridge University. Sobre quem desenvolveu o site, está dito: “This website was created by me, David Leff. I am an amateur scholar of the History of Science, with a focus on scientific developments during the Victorian era (around 1835 to 1900).” Anoto isso para reforçar o que diz Oliver Sacks em "Diário de Oaxaca": muitas vezes os "amantes da ciência", por seu interesse genuíno, conseguem ir mais longe na busca de "revelações". Sasks manifesta o seu "mal-estar em relação aos meios oficiais e ultracompetitivos da ciência contemporânea", que deturpam muito o sentido da busca do conhecimento, tornando um ambiente de vaidades cretinas, dinheiro, corrupções e facadas nas costas.
**Os viajantes do século XIX são mesmo fascinantes. Diários de expedições no geral são muito bons – a gente vai viajando junto! Darwin teria se inspirado em Humboldt. Aqui mesmo em Santa Cruz, tivemos a visita de um viajante, menos famoso mundialmente – embora fosse amigo de Humboldt –, mas igualmente observador, que registrou coisas muito interessantes no passado da região: Avé-Lallemant, médico, também alemão, e que foi financiado diretamente por D. Pedro II em suas excursões pelo Brasil (morou no Rio de Janeiro).
Aliás, as narrativas de Lallemant (“Viagem pela Província do Rio Grande do Sul”, 1858) serviram de base para um romance que se passa aqui no município: “A Valsa da Medusa”, de Valesca de Assis (que vem a ser esposa do escritor mais afamado, Luiz Antônio de Assis Brasil, notável por seus romance históricos sobre o RS).
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