"A ciência é minha religião." Tenho usado esta
frase um tanto chocante e paradoxal, no sentido de que, como forma de me
“religar ao mundo”, deixei de lado, após um longo convívio com o misticismo de
diversas vertentes (iniciado lá no meu batismo católico, comunhão e crisma,
somado a experiência na teosofia, espiritismo, umbanda e santo daime – só para
falar de algumas); incorporei essas coisas de uma outra forma, preferindo cada
vez mais depositar minha confiança (“fé”) nas “revelações” científicas – não
naquela coisa muitas vezes rala, chata e sempre desatualizada aprendida na escola (vinda comumente de
professores sem tesão pelos assuntos), mas no que a gente pode acessar das pesquisas e
literaturas científicas contemporâneas, tão vastas e complexas, que exigem
muita dedicação para compreender - e estou longe de abarcar, além de ser um
conhecimento permanentemente em construção/desconstrução, bastante diferente do dogmatismo inerente a quase todas as confissões religiosas.
Outra coisa recorrente: fico pensando em
como somos alienados – mesmo das coisas que usamos no dia a dia: alienados
tecnológicos, por exemplo; a esmagadora maioria sequer tem uma vaga noção de
como funcionam os milhares de transistores que estão por detrás da superfície
das telas e teclados, pelos quais repassamos por e-mail “correntes” do tipo
“Repasse isso para 10 pessoas e aguarde um milagre da amorosa Virgem Maria,
caso contrário, um vergalhão lhe atravessará o crânio”... O que podemos esperar
de uma massa tão desinteressada senão fácil manipulação? Veja-se a quantidade
de gente em templos e procissões, a partir de crenças fundadas no conhecimento
que se tinha na Idade do Bronze?!
A ciência não é a última palavra sobre as coisas, sobre o mundo. Mas, na minha compreensão sobre o que é a ciência - um empreendimento humano, e aí começa toda a diferença, porque religiosos pensam sua crença como uma "revelação do além", e que não se questiona -, ao menos tem resultados bem concretos em termos tecnológicos, atestando o seu pragmatismo, a sua utilidade real, a factualidade do seu conhecimento - às vezes impressionante, como se vê pelos aviões, pontes, celulares, computadores, anestesia, videolaparoscopia etc.
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