Muitos se escandalizam com gastos de políticos enquanto deputados, vereadores, prefeitos, ministros, senadores, cargos em comissão (CCs) etc. Certo, se somados, chegam a ordens milionárias. São recursos públicos, gerados por todos nós.
Mas acho que também deveríamos nos escandalizar com gastos e ostentações de riqueza de outros setores da sociedade.
Um exemplo prosaico: uma menina, filha de uma família de industriais, com sobrenome “proeminente”, frequentadores das colunas sociais “vips”, teve em sua festa de 15 anos uma banda de sucesso nacional, cujos shows são notoriamente de alto custo. E isso era “apenas” um dos vários “detalhes” de um evento que deve ter chegado facilmente a casa dos milhares de reais.
Pergunto-me: De onde sai todo esse dinheiro, toda essa “gordura financeira”? Não é de cofres públicos, claro; mas, ao cabo, sai da riqueza gerada pelo trabalho de todo mundo. É evidente que há alguns concentrando de tal forma o resultado do trabalho coletivo (num mundo de recursos finitos e de capacidade de trabalho individual fisicamente limitadas, não há como não perceber que alguns estão “levando vantagens” muito além de suas capacidade reais e disponibilidade adequada dos recursos do planeta [uns moram num cubículo, outros são donos de áreas do tamanho de países...]). É assim que uma “nata” tem tanto e uma massa só possa, no máximo, ficar ouvindo do lado de fora a apresentação da banda de sucesso...
A riqueza pode ser insultante e ignóbil, além de revelar a estruturas injustas, antiéticas, embora “naturalizadas; num mundo com gente que passa fome, crianças são prostituídas e idosos catam lixo pela rua, no mínimo a ostentação deveria ser evitada, para não revelar a soberba, a indiferença ou a concepção ideológica de que alguns, sim, merecem muito mais do que outros...
Me alegraria ver um dia as passeatas pedirem não só a transparência e moralização nos gastos públicos, mas também nos gastos privados – afinal, todos trabalham, tanto para gerar os recursos dos governos como das empresas de todos os tipos.
Não é que eu ache que diferenças socioeconômicas deveria ser completamente banidas; que eu acredite na possibilidade e na “saúde” de um sociedade de um igualitarismo radical (as provas são muitas da perversão que tal utopia pode gerar, vide União Soviética). Mas mais equidade é bem possível. Assim, acho que a reivindicação por “moralidade” deveria atingir todos os campos, todos os setores, todas as instituições, públicas e privados. E uma efetiva taxação sobre fortunas seria um meio de tentar dividir melhor ganhos e vantagens nababescas – para que não somente meia dúzia de meninas de 15 anos tenha uma festa inesquecível.
17 de jul. de 2013
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