5 de jul. de 2013
Quando os zoólogos acabam sendo mais interessantes do que os sociólogos para entender a sociedade humana
Prezado! Não pude ir no lançamento, mas faço questão de dar os parabéns para vocês. O livro já está incluído na minha lista (quilométrica) de "devo ler". O tema me interessa bastante [“comunidade e comunitarismo”].
Aliás, tenho dito que, nos últimos tempos, "troquei" a leitura de sociólogos por zoólogos. E tenho me surpreendido positivamente. Um deles, holandês radicado nos EUA (dá aulas na no Departamento de Psicologia da Universidade Emory), Frans de Wall [ilustração da postagem], em seu livros "Eu, primata: Por que somos como somos" [que já li] e (especialmente) "A Era da Empatia" [que apenas iniciei a leitura], argumenta sobre o quanto a cooperação é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento do ser humano, este grande primata, surgido faz milhares de anos, contrariando uma interpretação apressada, parcial e deturpada dos estudos e teorias do genial e atormentado Darwin.
Outra hora conversamos.
Abraço!
***Aproveito e colo aqui duas citações do Wall – em “Eu, primata: por que somos como somos”:
O antigo provérbio romano Homo homini lupus – “o homem é o lobo do homem” - capta essa visão associal que ainda hoje inspira o direito, a economia e a ciência política. O problema não é apenas que esse ditado nos representa erroneamente; ele também insulta um dos mais gregários e leias cooperadores do reino animal. Tão leal, que nossos ancestrais sabiamente o domesticaram. Os lobos sobrevivem derrubando presas maiores do que eles, animais como renas e alces, e fazem isso com trabalho em equipe. Ao voltarem da caça, regurgitam a carne para as mães lactantes, os filhos e às vezes os velhos e doentes que ficaram para trás. Como as torcidas cantante do futebol., reforçam a união da matilha uivando em conjunto antes e depois da caçada. A competição existe, mas os lobos não podem se dar ao luxo de permitir que ela siga o seu curso. Lealdade e confiança vêm primeiro. Comportamento que solapam o alicerce da cooperação são reprimidos para impedir a erosão da harmonia, a base da sobrevivência. Um lobo que permitisse a prevalência de seus limitados interesses individuais logo se veria sozinho caçando ratos.
(p. 266.)
Cada época oferece à humanidade sua própria distinção. Nós nos consideramos especiais e estamos sempre em busca da confirmação dessa singularidade. Talvez a primeira delas tenha sido a definição de homem, por Platão, como a única criatura sem pelos que anda com duas pernas. Isso pareceu absolutamente correto até que Diógenes soltou uma galinha depenada no salão da conferência e ironizou:... “Eis o homem de Platão”. Dali por diante, a definição de Platão inclui “e que tem unhas largas”.
Muito tempo depois, o fabrico de ferramentas foi considerado tão especial que ensejou a publicação de um livro intitulado Man, the tool-maker [Homem, o fabricante de ferramentas]. Essa definição perdurou até a descoberta de chimpanzés selvagens que faziam esponjas com folhas mascadas ou desfolhavam um ramo de árvore para usar com varas. Corvos já foram vistos curvando um pedaço de arame para fazer gancho e pescar a comida dentro de garrafas. Lá se foi o “homem, o fabricante de ferramentas”. A próxima candidata foi a linguagem, inicialmente definida como comunicação simbólica. Mas, quando os linguistas tiveram notícia de que grandes primatas não humanos possuem habilidades de linguagem de sinais, perceberam que o único modo de manter fora esses intrusos era abandonar a definição de comunicação simbólica e enfatizar a sintaxe. O lugar especial da humanidade é marcado por definições abandonadas e traves de gol móveis.
(p.222)
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