Sim, é exagero – ou “dramatização” – e até uma injustiça dizer que Charles Darwin teria “assassinado Deus” ou coisa que o valha.
Na sua autobiografia, escrita em 1876 (publicada em
português pela ed. Contraponto, 2000, com notas do seu próprio filho, Francis
Darwin), o naturalista diz (pouco tempo antes de morrer):...
“Considerando a fúria com que tenho sido atacado pelos
ortodoxos, parece ridículo que um dia eu tenha pretendido ser pastor. Essa
intenção, assim como o desejo de meu pai nunca foram formalmente abandonados.
Morreram de morte natural quando, ao sair de Cambrige [a universidade],
embarquei no Beagle como naturalista.”
Na contracapa desta autobiografia, destaca-se o seguinte:
“Eu era ortodoxo na época em que estive a bordo do Beagle.
Lembro-me de provocar gargalhadas em vários oficiais por citar a Bíblia como
uma autoridade incontestável (…). Nesse período, entretanto, percebi pouco a
pouco que o Velho Testamento (…) não merecia mais confiança do que livros
sagrados dos hindus ou as crenças de qualquer bárbaro. (...) Fui tomado
lentamente pela descrença, que acabou sendo completa. A lentidão foi tamanha
que não senti nenhuma aflição, e desde então nunca duvidei de que minha conclusão
foi correta. Aliás, mal consigo entender como alguém possa desejar que o
cristianismo seja verdadeiro.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário