Esses tempos o prof. Olgário aqui da Unisc mencionou recentes levantamentos e estudos sobre quilombos aqui na nossa região. Poderiam estar demosntrando (com sempre dissemos) a presença negra de forma muito mais intensa no Vale do Rio Pardo, incluindo especialmente Santa Cruz do Sul.
Coincidentemente, semana passada, li numa National Geographic, edição do mês de abril passado, uma matéria muito bacana sobre quilombos em meio a Amazônia e outros pontos do Brasil. Me emocionou a leitura pela incisiva abordagem dos repórteres.
Destaquei o seguinte da reportagem, logo no início:
Às dezenas de milhares, escravos africanos, para escapar das condições do trabalho que os europeus lhes impunham em suas plantações e lavras de minérios, refugiavam-se em áreas controladas por índios. De norte a sul nas Américas, ex-escravos e indígenas fundavam povoações híbridas conhecidas, em inglês, como comunidades maroons, do espanhol cimarrón, ou fugitivo.
A complexa interação entre negros e nativos é um drama oculto que historiadores e arqueólogos só há pouco começaram a desvendar. Esse capítulo perdido deixou suas marcas mais evidentes no Brasil, onde milhares de comunidades vêm emergindo das sombras para reafirmar sua cultura mista e reivindicar a legalização da posse das terras que ocupam desde a era escravista. (p.74)
A matéria toda é encontrada no seguinte endereço (junto com fotos belíssimas, como é característicos das reportagens da NG):
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/quilombo-terra-de-homens-livres
Aliás, comunidades de descendentes indígenas “perdidas” em rincões do Vale do Rio Pardo também ainda não são objeto de pesquisa da nossa academia. Já me deparei algumas vezes com situações inusitadas. Por exemplo, conheci numa formatura um rapaz, esposo da formanda, que trouxe toda a parentela para a janta de confraternização na sede do time de futebol de Linha Santa Cruz: todos, cerca de 15 pessoas, evidenciando em suas faces a descendência indígena (kaingang, provavalemente). E todos morando no interiorzão, em meio a peraus de Sinimbu... Como não reivindicam coisa alguma e só querem sobreviver com algum conforto básico, ficam lá “sem incomodar ninguém”, plantando, caçando e biscateando em propriedades nos arredores. E, por tal invisibilidade social, sem que se reconheça e valorize a rica diversidade da população que se assentou e assenta em nossa região desde tempos imemoriais!
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