Há um tempo venho reformulando minhas concepções sobre a alimentação. “No bojo”, aliás, de outras “reformulações”, que me puseram a (re)ler velhos barbudos, como o Charles Darwin e a miríade de autores que desenvolveram a teoria da seleção natural e o evolucionismo – princípios a agirem na configuração da vida no planeta Terra, incluindo a nós, autodenominados Homo sapiens.
Pois algo que me chamou a atenção foi a tal “dieta pálio” ou paliodieta, que já comentei uma ou outra vez com vocês. Em que pese que possa ser mais um modismo dietético, acredito que, ao passar o “bum” de mais um “método infalível de emagrecimento” (mesmo que isso não seja o objetivo primeiro da proposta), vão ficar muitas coisas boas, caso da consideração efetiva da pesquisa histórica, antropológica, arqueológica e, até, zoológica sobre o ser e a sociedade humanas desde milhares ou milhões de anos, quando começamos a descer das árvores.
Para mim, um simpático ao vegetarianismo por razões éticas, especialmente (evitar o sofrimento de seres senscientes), é algo difícil de equacionar. Mas estou tentando fazer a minha própria “síntese”, combinando concepções vegetarianas (éticas, ecológicas, de compaixão e consideração a dor alheias dos animais não humanos) e, digamos, paleontológicas (aquilo que por milhares de anos o humano e seus antecessores biológicos de espécie comeram).
Vai o link, começando pela apresentação de um livro, “A Dieta dos Nossos Ancestrais”:
http://primalbrasil.com.br/a-dieta-dos-nossos-ancestrais/
*Uma passagem "paulada" de um artigo de Caio Fleury, autor do livro supracitado:
“Substituir alimentos de origem animal por alimentos nutricionalmente pobres demonstra falta de conhecimento básico sobre nutrição que é geralmente apresentada de maneira tendenciosa e cientificamente infundada. Apesar de seus motivos ideológicos que muitas vezes são nobres, estes indivíduos são infelizmente vítimas da ignorância, em grande parte incentivada pela tendência new age de sustentabilidade ambiental e direito dos animais, assim como a tendência dos padrões alimentares atuais, que vem aos poucos ocultando o pouco que nos resta de nossa sabedoria ancestral.”
FONTE: http://primalbrasil.com.br/porque-voce-deveria-comer-mais-carne-e-nao-ser-vegetariano/
**Na revista “Scientific American Brasil” de novembro passado (2013), saiu uma matéria muito interessante sobre a longevidade do humano em relação ao outros primatas – “Evolução – Longa vida aos humanos”. Existem ligações entre a dieta e a “formatação” do ser humano, inclusive o seu tempo de vida. Vou reproduzir diretamente a sequência de parágrafos que me chamaram a atenção em relação a alimentação, desenvolvimento do cérebro, resistência a doenças (p. 42):
(...) Os suecos do século 18 viviam lado a lado em grandes aldeias, vilas e cidades permanentes, onde estavam expostos a sérios riscos de saúde desconhecidos por pequenas comunidades de chimpanzés itinerantes [vivendo na selva]. Então, por que os suecos viviam mais tempo [conforme dados de 1751]? A resposta, ao que parece, pode estar na dieta de carne de seus ancestrais humanos primitivos e na evolução dos genes que os protegiam de muitos perigos dos carnívoros.
Os chimpanzés [nossos “primos”] passam a maior parte de suas horas de vigília em uma perseguição doce: catando figos e outros frutos maduros. Circulam por grandes territórios em busca de comida rica em frutose, usando apenas ocasionalmente o mesmo ninho duas noites seguidas. São especializados em caçar pequenos mamíferos, como o macoco Piliocolobus, mas não procuram deliberadamente essas presas nem consomem grandes quantidades de carne. Primatólogos estudando chimpanzés selvagens na Tanzânia calculam que a carne perfaz 5% ou menos da dieta anual dos símios de lá, enquanto a investigação em Uganda mostrar que a gordura animal representa apenas 2,5% de sua alimentação anual em peso seco.
Muito provavelmente, avalia Finch [pesquisador em genética], os primeiros membros da família humana consumiram dieta semelhante, baseada em plantas. No entanto, em algum momento, entre 3,4 milhões e 2,5 milhões de anos atrás, nossos ancestrais incorporaram uma nova e importante fonte de proteína animal. Conforme sítios na Etiópia mostram, começaram a retirar carne de restos de grandes mamíferos ungulados, como antílopes, com ferramentas simples de pedra, quebrando os ossos para chegar à medula rica em gordura, cortando tiras de carne e deixando para trás marcas de cortes reveladoras sobre fêmures e costelas. Há 1,8 milhão de anos, se não antes, os homens começaram a caçar ativamente animais de grande porte e trazer carcaças inteiras para seus acampamentos. A nova abundância de calorias e prorteínas provavelmente ajudou a impulsionar o crescimento do cérebro, mas também aumentou a exposição a infecções. Finsch sugere que esse risco favoreceu o surgimento e disseminação de adaptações que permitiram aos nosso antecessores sobreviver a ataques de patógenos e, assim, viver mais tempo.
(...)
Outra matéria interessante – “Alimentos e evolução humana – Mudança alimentar foi a força básica para sofisticação física e social” – também publicada no sítio da “Scientific American Brasil”. Segue o link abaixo. Mas, antes, já destaco um pequeno trecho:
“Nós somos vítimas de nosso próprio sucesso evolutivo, desenvolvendo uma dieta calórica concentrada, mas minimizando a quantidade de energia de manutenção despendida em atividade física. (...) O que é singular nos seres humanos é a extraordinária variedade do que comemos. Fomos capazes de prosperar em quase todos os ecossistemas sobre a Terra, consumindo desde alimentos de origem animal, entre as populações do Ártico, até, basicamente, tubérculos e cereais, entre as populações dos Andes.”
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/alimentos_e_evolucao_humana.html
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