11 de jan. de 2010

Sacanagens ambientais no Cinturão Verde


Anteontem, 09/01/2010, num passeio à tardinha aqui pelo bairro Bom Fim (ou Bonfim), Santa Cruz do Sul, no sopé do morro onde está o Parque da Santa Cruz, numa grande área (ainda) baldia, que não sei quem é o dono (mas é usada pela gurizada pra jogar bola, papear, cortar caminho etc.), fizeram uma escavação bem ao lado de um conjunto de árvores - uma espécie de capãozinho numa elevação do terreno -, atingindo as raízes. Qual o objetivo? Tudo indica que fizeram aquilo para produzir uma "queda natural" das árvores, "liberando" o espaço, apropriando o terreno para uma futura construção – sem ser acusado de derrubada ilegal...

A área, suspeito, já deve estar nas mãos de algum figurão imobiliário da cidade, preparando mais um "novo empreendimento" – um loteamento do tipo “Parque dos Pintassilgos”... Santa hipocrisia! Baita sacanagem, baita irresponsabilidade de quem faz isso; uma contravenção e irresponsabilidade com o coletivo. O terror é saber que, na verdade, pouca gente está disposta ao menos a reclamar um pouco...

Também há, nesta área, locais onde descarregam lixo perfeitamente recicláveis: latas e mais latas de tinta e outros produtos de pintura e construção, além de vários tipos de materiais não-orgânicos, cuja decomposição levará décadas ou séculos – enfeiando, contaminando e alterando o micro-ecossitema. Pergunto de novo, indignado: Por que fazem isso? Há locais para fazer esses depósitos. Por que atirá-los assim, irresponsavelmente?


E isso que observei aqui perto de casa é só uma "pequena" sacanagem perto de tantas outras... Bem triste...
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Mais um comentário "a ver":

Angra e o Cinturão Verde

Não são só os loteamentos populares santa-cruzenses, em bairros destinados a operários, têm ou trazem problemas ecológicos – como menciona uma recente reportagem (10 de janeiro de 2010) num jornal local a propósitos dos estragos das chuvas intensas. Loteamentos destinados a “classes sócio-econômicas mais privilegiadas” (leia-se “ricos”) podem estar colaborando – e muito! – para a degradação ambiental e graves acidentes. Vejam-se os loteamentos em sopés, encostas e até no alto dos morros e outras elevações da cidade, dentro do cinturão verde, área infelizmente cada vez mais desrespeitada – por indefinições e jogadas jurídicas. Mas disso pouco se fala. Por que será, hein?

A ocupação dessas áreas altera todo o ecossistema, incluindo o fluxo pluvial, ou seja, o escoamento. Quanto mais casas, edifícios, conjuntos residenciais, mais área “concretada”, mais alteração na absorção e despacho das águas. Com o tempo, poderemos nos surpreender vendo um fenômeno semelhante a Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, com deslizamentos e “áreas nobres” – que, aliás, já se observa: no mês passado (dezembro de 2009), um deslizamento na rua/estrada que sobe do centro até o Loteamento Europa, interrompeu o trânsito na via...

Todos somos responsáveis. Quem compra um terreno e constrói nesses lugares, também tem responsabilidades. As imobiliárias, os empreendedores imobiliários, os donos das áreas, muito mais ainda! No imediatismo, comete-se desrespeitos terríveis – para com a geração futura especialmente.

Desconfio que o lucro acaba fazendo as pessoas relevarem cuidados e evidentes efeitos de médio e longo prazo. Talvez – e se continuar assim vai ser inevitável – quando alguma desgraça maior acontecer (as menores já estão em curso), essa ente que lucrou muito, já estará longe ou mesmo em baixo da terra... Mas espero que haja justiça de alguma forma. Se não a “dos homens”, alguma outra, emanada dos cosmos tão belo e tão desconsiderado em sua grandeza inefável.

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