Por muito tempo tomei chá preto – puro e sem açúcar. Ótimo para matar a sede, mesmo que bem quente. Ouvia falar que os ingleses tomavam o “legítimo chá” sem ou com muito pouco açúcar, mas com um dedinho de leite.
Mesmo que eu goste de café com leite (sempre bem mais café do que leite – e sem açúcar), me parecia – mesmo com tanta similaridade entre as beberragens – indigesto e intragável a mistura de chá preto e leite. (Há também o famoso mate com leite, que muitos adoram, despejando no “chimarrão” o leite quente no lugar da água.)
Mas eis que, umas três semanas atrás, por uma súbita curiosidade e “coragem”, fiz a mistura. Após aprontar o meu “clássico” chá – derramando água quase fervente em cima das folhas picada do chá (pego o sachê da caixinha e corto-o, liberando o conteúdo no fundo da xícara) –, “inventei” de colocar um pouco de leite frio direto na xícara, completando a quantidade até a bordo (1/10 de leite, mais ou menos). Aguardei uns instantes e... sorvi... hummm... Que delícia, tchê! Aveludado... Aquele amargo residual em cada gole da infusão pura, que parece sentir-se no céu da boca, desaparece, e o sabor do chá ganha uma espécie de fofura – a gordura e açúcares do leite parece que quebram, amolecem ou diluem o agudo do amargor do chá e produzem uma doçura e consistência especiais.
Até mesmo a cor fica bonita: literalmente leitosa, com pedacinhos de folha flutuando no alto (basta assoprar e elas não atrapalham, sendo que a grande parte do picado vai se depositando no fundo da xícara).
Estou testando “metodologias”: diferentes proporções de leite e chá; tempo da cocção das folhas na água quente; colocar leite antes da água, leite depois da água etc. Também estou pesquisando a “tradição do chá inglês” - e que na verdade começa lá na China, Japão e, depois, vem por Portugal (com colônias no oriente no começo do século XVI) para então passar para o restante da Europa, incluindo a Inglaterra, onde uma rainha teria definido o "five o'clock tea".
Assim é que me tornei um fã do chá “tipicamente inglês”. Imagino que deva ficar ainda melhor com marcas e tipos de chá preto mais sofisticadas (tomo as mais baratas, que existem em qualquer super). Também quero experimentar com o creme (seria o mesmo que “nata” ou creme de leite?).
*Na foto, o revolucionário pacifista Gandhi toma chá com um tal Lorde Mountbatten.
**Há o chá bebido pelos monges budistas do Tibet – e de outros lugares também. Aliás, parece que naquela região do oriente, trata-se de uma bebida básica na dieta da população. Ao invés do leite, colocam manteiga na infusão, produzindo um líquido mais gorduroso, que além de aquecer, alimenta, valendo como uma refeição. Dizem que, pela cafeína presente no chá, é revigorante e ajuda os monges a se manterem coim a mente alerta... Eis aí a isnpiração para uma nova experiência: chá preto com um cubinho de manteiga...
***Há, ainda, o "chai" (diz-se "tchai), o "chá indiano com especiarias", onde entra o leite. As receitas que vi, são com leite em pó - e leva açúcar, canela, gengibre, cardamomo e "até" chá preto... Essa bebida ficou famosa no Brasil por conta da novela da Globo Caminho das Índias. Ainda não provei.
****Outro dia lembrei de uma mistura que faço há bem mais tempo e que muitos viram a cara... Suco de laranja ou bergamota com leite frio. Eu acho sensacional. Espreme-se uma ou duas laranjas no copo e deita-se o leite frio diretamente, até a borda. Imediatamente, a laranja “quebra” o leite (“azeda”, diria a minha avó) e a mistura torna-se uma espécie de iogurte. A textura e a coloração são muito bacanas e dá uma sensação de frescor acridoce, além de uma salubridade nutritiva – bem maior que tomar o leite puro ou com chocolate. “Aprendi” isso inspirado num grande festival de gastronomia promovido por “hare-krishnas” de PoA. Algo muito simples e rápido de fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário