8 de out. de 2012

O Papa não confiaria em Deus?

A Renault presenteou dias atrás o Papa com um novo “papamóvel”. Além de motor elétrico, o carro "ecologicamente correto", modelo Kangoo da fábrica francesa é todo adapatado, tendo itens como bancos de couro individual e degrau retrátil - tudo para o maior conforto do Sumo Pontífice.

E destaco aqui algo que os jornais que li quase não mencionaram (por que será?): a blindagem da lataria e vidros. Precisa resistir a tiros, a tiroteios. O Papa pode ser amado por muitos, mas outros tantos não o estimam da mesma forma...

Ter de se proteger de inimigos já é algo por si só absurdo para alguém que é tido como Representação de Deus na Terra. O Todo Poderoso, que a tudo criou e a tudo controla paradoxalmente não impede que algum atirador tente fulminar a Vossa Reverendíssima. O exemplo é João Paulo II, que, em 1981, foi alvejado quase mortalemente*. Salvou-se pela imediato socorro e perícia de cirurgiões.

Deus, O que Vê Tudo, O que Sabe Tudo teria cochilado em Roma naquela tarde do começo dos anos de 1980? Como deixou aquele Seu Maior Apóstolo numa situação tão pavorosa e humilhante? Por que não interecedeu? E se não interecede pelo Santo Padre, então a quem Eleintercederá? Sendo assim, não estremos perdendo tempo com tantas louvações, orações, pedidos e promessas?

Não me considero um mensageiro do ateísmo ou alguém que tenha ódio a Igreja Católica – embora muitas coisas ao longo da história da expansão do cristianismo sejam odiosas. Há elementos éticos e pedagógicos que quando escapam do proselitismo sectário ou da demagogia hipócrita são muito bons, caso da ética cristã pela compaixão, fraternidade. Mas o cristianismo também alimenta o obscurantismo, a interpretação literal de histórias que estão muito mais para lendas do que relatos históricos.

Em tempos em que os humanos já enviaram naves e sondas para confins do espaço sideral e somos rodeados por uma sofistica tecnologia (sem que a maioria de nós tenha uma noção mínima sequer de como um transistor funciona), nos aferramos as mais irracionais crendices e superstições. Mesmo que vejamos que “o rei está nu” – e o papa precisa de um carro blindado para se proteger, já que sua aura e seu Pai Superior não são úteis na hora de um atentado real –, mesmo assim muitos de nós cogitam reformular entendimentos e posturas. Nem digo abandonar a fé, mas, no mínimo, manter portas abertas para outras compreensões sobre o que realmente é a vida.


* “O Papa foi atingido por quatro balas disparadas de uma pistola de 9mm a uma distância de 15 pés (menos de 5 metros) no momento em que abençoava a multidão na Praça São Pedro, em Roma. Duas atingiram o estômago, uma, seu braço direito, e outra, um dedo mindinho. Cirurgiões realizaram uma operação de cinco horas e esperavam que o Pontífice se recuperasse completamente”. FONTE: http://noticias.cancaonova.com

Um comentário:

Anônimo disse...

A fé tem estas intervenções (ou testes?) das dimensões tangíveis, que chamamos de mundo real. Isso permitiu maravilhas no campo arquitetônico, artítico e muita contravenção aos mandamentos. Catedrais luxuriantes costumam impressionar mais que outro atributos, como o amor ao próximo. Sempre penso nesta questão quando passo em frente a Igreja Auxiliadora, em P. Alegre. Cercas em volta de templos, com plaquinhas de segurança privada e guarita, parece desafiar a fé no poder público e no divino.

Vladi